O Retrato de Dorian Gray - Oscar Wilde
“As palavras, simples palavras… como podiam ser terríveis! Como eram nítidas, e vívidas, e cruéis! Não conseguíamos fugir-lhes. E, no entanto, quanta magia sutil possuíam! Pareciam capazes de dar forma plástica a coisas informes e de possuir música própria tão suave como a da viola e do alaúde. Meras palavras! Haveria alguma coisa tão real como as palavras?” – página 16
Bom, esse livro é um clássico e por isso que eu o comprei. Já apresentei ele para vocês quando falei dos meus livros comprados na viagem e ele é um dentre muitos clássicos que eu tenho adquirido ultimamente. Sempre li muitos trechos de Oscar Wilde por ai e sendo tão renomado não pude me conter em conhecer por inteiro uma de suas obras.
O Retrato de Dorian Gray é um livro que achei pesado. Talvez por que eu li em inglês e a língua inglesa antiga é extremamente cansativa mas acho que principalmente por que os assuntos tratados são sempre densos. Mas primeiro vou apresentar a história a vocês.
Dorian Gray é um rapaz rico e muito bonito da sociedade Britânica na Era Vitoriana. Ao conhecer Basil, um pintor que fica encantado com a beleza, juventude e pureza de Gray, o jovem acaba tendo seu retrato pintado pelo mesmo. Mas Basil idolatra tanto a figura e personalidade ingênua do rapaz que acaba pintando o melhor quadro de sua carreira. Ele então presenteia Gray com a pintura. Junto com Basil, Gray é apresentado a Lord Henry, um aristocrata que o convence que o mais importante na vida é a juventude e a beleza que Gray possuía.
Ta, e o que o quadro tem a ver? Bom, com essas ideias de Lord Henry na cabeça Dorian faz uma prece em frente ao quadro, ele diz que faria tudo para que o quadro envelhecesse no lugar dele e que assim ele seria para sempre jovem. Não sabemos bem o porque mas esse pedido é atendido e depois de um acontecimento muito marcante na vida do jovem Gray ele observa que a figura mudou. A pintura é o reflexo da alma de Dorian Gray.
“Sucede frequentemente que as tragédias da vida real ocorrem de um modo tão pouco artístico que somos afetados pela sua violência brutal, absoluta incoerência, absurda carência de significado e total falta de estilo. Afetam-nos exatamente do mesmo modo que a grosseria. Transmitem-nos uma mera sensação de força bruta, pelo que nos sentimos revoltados. Por vezes, porém, surge na nossa vida uma tragédia que possui elementos artísticos de beleza. Se esses elementos de beleza são reais, todo o dramatismo acaba por apelar para o nosso sentido de efeito dramático. De súbito, damo-nos conta de que já não somos os atores, mas sim os espectadores da peça. Melhor dizendo, somos uma coisa e outra. Observamo-nos a nós mesmos, e ficamos subjugados pelo fascínio do espetáculo” – página 69
Os personagens carregam “valores morais” muito errados para a nossa concepção de 2015, eles são de certa forma machistas e muitas vezes preconceituosos e supérfluos. Mas temos que considerar que o livro foi escrito em meados de 1880, então ele retrata muito bem a realidade da época.
É um livro forte, porque observamos a alma de Gray ser corrompida e ele cometer erros e mais erros sem se importar já que sua aparência continuava a mesma. Mas a cima disso é um livro que faz refletir, claro que nossa realidade está muito distante da apresentada mas muitas vezes a aparência e a posição social influencia sim nos nossos julgamentos e ações. Eu amei o livro e acho que é uma leitura válida para todos nós.
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