Depois de aparecer aqui no blog estreando a categoria “Capas re-imaginadas” (que você pode conferir aqui), os dois livros da série “Terra Morta” voltam a aparecer, dessa vez, para uma análise.
Gostaria de começar explicando que são dois livros, “Fuga” e “Infecção”, mas ambos serão analisados juntamente nessa mesma postagem. Também gostaria de agradecer ao autor Tiago Toy pelo apoio e atenção na postagem das capas re-imaginadas.
Basicamente, a série “Terra Morta” tem uma proposta inicial muito interessante: representar um apocalipse zumbi no Brasil. Mais precisamente na cidade de Jaboticabal no interior de São Paulo. Contudo, o livro não cumpre com a proposta inicial. Isso porque a proposta inicial, não é a real proposta do livro. Isso fica claro com o avanço da história, e logo percebemos que não são apenas zumbis andando por ai enquanto os sobreviventes lutam para… bem… sobreviver…

A história avança de maneira que logo percebemos se tratar de uma obra mais dinâmica e que tende muito mais para o lado da ficção científica, com uma corporação realizando experimentos secretos e sem escrúpulos. Sim, se você jogou ou conhece um pouco que seja de Resident Evil, vai sacar do que estou falando....
Afirmo isso com muita propriedade, pois o próprio autor se manifestas ao final do segundo livro, em um texto explicando mais a fundo sobre os “zumbis” que figuram em Terra Morta.

Mas vamos do começo. De volta a proposta inicial....

O livro começa com o personagem principal, Tiago Rodrigues, preso em um freezer. Ali ele desabafa um pouco sobre como tem sido seus últimos dias. Mas não demora muito para que ele tenha que arranjar uma maneira de fugir do lugar e com isso nos mostrando muito do que será um grande padrão da série. Fugir. Tanto que o nome do primeiro livro é fuga :)

Sim, exatamente. Fugir é um grande padrão visto abundantemente em ambos os livros. Quase sempre, vemos algum personagem ou grupo de personagens preso em uma situação onde fugir parece impossível. Por exemplo, no segundo livro, onde Tiago fica preso no cômodo do fundo de uma farmácia, num cubículo pateticamente pequeno, com apenas um vitro e uma porta, por onde os canibais tentam invadir. Mas de maneira brilhante, o autor sempre consegue que o personagem realize uma fuga inteligente (mas se prepare, pois nem sempre todos os personagens conseguem sair ilesos de tais situações).

Voltando ao enredo, Tiago consegue fugir e então passamos a acompanhar suas caminhadas (e fugas) pela cidade de Jaboticabal. Algo interessante que preciso comentar, é que Tiago é praticante de parkour e utiliza os movimentos e acrobacias para conseguir despistar as criaturas canibais. Dessa forma, ele logo chega a uma escola e encontra o que vem a ser a segunda personagem central da história; Daniela é uma garota da cidade vizinha que estava em Jaboticabal quando as coisas deram errado. Sem conhecer nada em Jaboticabal, ela é obrigada a se abrigar ali mesmo e esperar. E esperou, até encontrar Tiago.

De início, as coisas não parecem promissoras; Daniela é bem-humorada e cativante, enquanto que Tiago é completamente introspectivo. Mas calma, os personagens e suas características sofrem alterações em alguns momentos da trama. Sem muitas opções e com muita insistência por parte de Daniela, os dois se juntam. Tiago compartilha com Daniela o plano de sair de Jaboticabal com rumo a São Paulo capital e iniciam uma preparação. Precisam de armamento, comida e principalmente estarem vivos para isso.

É claro que conseguir tudo isso não é fácil, mas eles conseguem, passando por vários apertos, como uma batalha terrível em um mercado e até mesmo uma viajem perigosa por um bairro violento de Jaboticabal. E é ai que a história deixa de ser apenas zumbis vagando por ai, para se tornar pura ficção científica.

O exército bloqueias as rodovias, iniciam um processo que consiste em incendiar as cidades do interior que foram infectadas para esconder evidências e alguns outros atos de moral questionável. Nisso, conseguem capturar nossa dupla principal e também um terceiro elemento, Ricardo, personagem novo que aparece no decorrer da trama.

Logo descobrimos que a empresa LAQUARTZ é a responsável pelas criaturas sanguinárias que vagam por ai. Tiago, Daniela e Ricardo passam por experiências, confinamentos e sofrem um pouco nas mãos de Abigail, uma das cientistas responsáveis pelo vírus e que acaba por adotar o papel de grande vilã da trama.

A partir daqui não posso mais revelar muito mais sobre o trajeto dos personagens, pois, com certeza, comprometeria a experiência de quem for ler os livros. Mas fiquem sabendo que sim, os personagens conseguem chegar capital (na verdade, antes de saberem sobre a LAQUARTZ). Contudo, não pensem que isso acontece da maneira como os personagens gostariam que acontecesse....

Em São Paulo é onde se desenrola o final do primeiro livro e praticamente todo o segundo. Praticamente porque através de flashes voltamos para Jaboticabal e até mesmo visitamos a Rússia (Go Yulia!!!)
Parando novamente para explicar mais uma coisa que os leitores encontraram bastante em ambos os livros. Flashbacks. Eles explicam basicamente alguns lapsos do passado, como tudo começou e até algumas características dos personagens.

Falando um pouco sobre o segundo livro. Ele é gigante. Mais de 400 páginas. Mas vale a pena. Seu início é um pouco confuso, já que em “Terra Morta: Infecção” existem muito mais personagens que o primeiro. E o livro começa nos explicando como todos esses novos personagens acabaram se juntando a Tiago e Daniela. Confesso que tive muito receio, pensei que o autor não conseguiria utilizar e desenvolver todos esses personagens novos. Mas Tiago Toy fez isso de maneira brilhante. Todo personagem tem um passado, habilidade, personalidade, amizades, inimizades e medos diferentes. Com toda essa diversidade, é obvio que a história fica totalmente dinâmica e interessante. Junte isso a toda a pressão e tensão de uma São Paulo tomada por capitais e, com certeza, veremos brigas, traições e panelinhas. Sim, acontecem o tempo todo....

Por fim, o segundo livro se comporta diferente do primeiro. Basicamente, enquanto no primeiro vemos Tiago e Daniela em uma trama que se movimenta bastante; no segundo, temos um grande grupo de personagens que precisam defender uma única posição (um hotel) cercado pelas criaturas, enquanto administram os recursos e os nervos.

Por fim, isso é tudo que posso contar. Deixo para que os leitores descubram o resto, que tenham ódio por alguns personagens (cof, cof, Conrado) e pensem em uma maneira de fugir dos canibais. Gostaria de adiantar também que leiam o livro até o final, algo muito legal feito pelos produtores foi incluir cenas deletadas (e com comentários do autor).

Vale ressaltar que o segundo livro conta com belas ilustrações de varias cenas. E ambos os livros são cheios de referências e piadinhas. Molotov’s/Valescas são um exemplo (você terá de ler para entender)....

Também devo deixar o aviso que o livro em alguns momentos têm linguagem, cenas e diálogos explícitos e as vezes grotescos. Não recomendo a leitura para publico juvenil. Por fim, agradeço mais uma vez ao autor Tiago Toy, por todo o interesse nessa análise e na postagem das capas. Estou esperando pelo terceiro livro, espero que não demore a sair…

1 Comentários

  1. Essa resenha ficou demais :D
    Mais uma vez obrigado pelo espaço, e pelo tempo e disposição em resenhar meus livros. É um retorno estimulante. Enquanto que para o Terra Morta #1 Fuga recebi muitas resenhas, para o #2 Infecção não vieram tantas, muito provavelmente pelo fato de eu não ter divulgado o livro tanto quanto fiz com o primeiro. Esse tipo de feedback, de saber que realmente curtiram o que criei, dá um ânimo e me faz querer começar a divulgar. Antes tardio do que nunca, rs
    Fico contente que tenham gostado.
    Abração!

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