Nunca acreditei muito em gente que diz que vê fantasmas e consegue viver normalmente. Duvido que a mente humana aceitaria um algo como o espírito de uma pessoa morta sem entrar em parafuso. Se você contar a quantidade de pessoas que sofreram um faniquito por causa do Pokémon Go e seus monstrinhos, podemos dizer que os humanos possuem grande dificuldade de lidar com o universo, a vida e tudo mais.
É este tipo de reflexão estranha que Doutor Sono provoca em seus leitores.

Eu gosto!

Doutor Sono é mais uma obra do meu autor favorito Stephen King e é a sequência do O Iluminado (meu segundo livro de terror favorito). Nessa história descobrimos como foi a perturbadora vida de Danny Torrance, o garotinho com poderes sobrenaturais do primeiro livro. Após sobreviver ao Hotel Overlook, Danny Torrance achou que começaria sua nova escalada em uma vida normal, que deixaria tudo para trás, que seria diferente do seu pai alcoólatra. Ele não poderia estar mais enganado.

Danny é atormentado por seu poder que atrai espíritos assustadores. Não vou mentir o início do livro me fez dormir com a luz acesa por uns dias. Os encontros de Danny com o sobrenatural o fizeram engajar em um caminho de autodestruição através do consumo abusivo de álcool. Conforme o livro avança vemos o paralelo do garoto do livro O Iluminado se tornar um adulto perdido e desesperado por conta do vício, da culpa e dos poderes que o atormenta.

Acompanhamos também o surgimento de novas peça no quebra-cabeças que desenvolve a história. Danny Torrance dessa vez terá que lidar com “O verdadeiro Nó”, um grupo estranho que se alimenta da Iluminação de crianças com poderes o que os garante uma vida incrivelmente longa. Eles são liderados por Rose, uma mulher odiosa que fará de tudo para garantir que o “Verdadeiro Nó” perdure.

A coisa mais interessante em Doutor Sono não são as suas nuances sobrenaturais, mas as reflexões de Danny em relação ao seu seu vício em álcool. O personagem assume as suas fraquezas e aceita a responsabilidades sobre os erros que cometeu durante vida. É Impossível não relacionar a trajetória de Danny Torrance com a vida do seu criador, que já assumiu, por exemplo, não lembrar de como escreveu o livro Cemitério Maldito por conta do uso abusivo de drogas.


Diante das discussões secas sobre como é a vida de um viciado, a parte sobrenatural soa trivial, entretanto a escrita impecável de King mostra faz com que você permaneça interessado na história. Conhecer Danny Torrance parece uma viagem estranha pela mente das maiores fraquezas humanas.

É um boa leitura para quem quer se perguntar sobre como a cabeça das pessoas funcionam. Alerto apenas para que não leiam o livro com a expectativa do seu antecessor, esse tipo de ideia pode destruir a sua experiência de leitura.

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